TDAH, alimentação e o impacto dos corantes: o que ainda estamos ignorando?

Por muito tempo, comportamentos como agitação, impulsividade e dificuldade de foco em crianças foram tratados como “coisa da idade” ou, no outro extremo, rapidamente medicalizados.

Mas será que estamos mesmo olhando para as causas certas?

Nos últimos anos, pesquisas sérias vêm mostrando que a alimentação — especialmente aquela rica em ultraprocessados e aditivos químicos — pode estar diretamente ligada ao agravamento (e até ao surgimento) de sintomas associados ao Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Corantes que colorem a infância… e confundem o cérebro

Alimentos ultraprocessados recheados de corantes artificiais (como o vermelho 40, a tartrazina e o amarelo crepúsculo) são comuns na rotina alimentar de muitas crianças.

Mas esses ingredientes não são inofensivos.

Um estudo publicado na Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry mostrou que a retirada de corantes e aditivos sintéticos da dieta pode reduzir os sintomas de TDAH em crianças sensíveis (Nigg et al., 2012). A revisão envolveu diversas pesquisas anteriores e reforçou que a resposta positiva à exclusão desses componentes é significativa em uma parte da população pediátrica.

Diagnósticos apressados, exames ignorados

O que assusta ainda mais é saber que muitos diagnósticos de TDAH acontecem sem uma investigação completa do histórico alimentar, do ambiente familiar ou até de possíveis deficiências nutricionais.

Um levantamento mostrou que 76% dos diagnósticos ignoram a avaliação de minerais essenciais como zinco e cobre, que têm papel fundamental na regulação de neurotransmissores e comportamento.

Sim, diagnosticar é importante. Mas rotular uma criança sem antes investigar seu contexto, sua alimentação e sua biologia é um risco sério.

Antes de medicar, que tal olhar o prato?

Isso não quer dizer que medicamentos não são válidos. Em muitos casos, eles são necessários, seguros e transformadores.
Mas a crítica está em pular etapas, deixando de lado fatores que têm enorme influência no comportamento infantil — como o que vai para o prato da criança todos os dias.

E o que fazer na prática?

Aqui na minha casa e no consultório, a gente acredita que comida gostosa também pode ser nutritiva.
Trocar o “docinho inofensivo” por receitas criativas e naturais é um dos passos mais amorosos que você pode dar por seu filho.

Algumas ideias que funcionam aqui com meus filhos e com meus pacientes:

  • Pirulito de maçã com chocolate 70%
  • Bolinho de banana com cacau e aveia
  • Pipoca com queijo curado ralado
  • Hambúrguer de legumes com pão de aveia e ovo

Simples, acessíveis, e com sabor de infância saudável.

Talvez a pergunta que devêssemos fazer não é “meu filho tem TDAH?”, mas sim:
O que a rotina, a alimentação e o ambiente dele têm a nos dizer?

Diagnosticar é importante. Mas investigar é essencial.
E tudo começa no prato.

Se você deseja repensar a alimentação da sua família, com leveza, estratégia e amor, o programa RENutrir pode ser o seu próximo passo.

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Você não está sozinha nessa jornada.

Com carinho,
Renata Buzzini
Nutricionista especializada em saúde da mulher

Referência científica:
Nigg, J. T., Lewis, K., Edinger, T., & Falk, M. (2012). Meta-analysis of attention-deficit/hyperactivity disorder or attention-deficit/hyperactivity disorder symptoms, restriction diet, and synthetic food color additives. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, 51(1), 86–97.

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